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sexta-feira, 26 de março de 2010

DIA MUNDIAL DO TEATRO

Artistas-aprendizes da SP Escola de Teatro convidam toda a classe artística paulistana a comparecer à Pça. Roosevelt na noite deste sábado, dia 27, com alguma fonte de luz (pode ser lanterna, vela, isqueiro, celular...) nas mãos. Pontualmente às 22h levantaremos das mesas, sairemos dos bares e da porta dos teatros, atravessaremos a rua e levaremos luz aos pontos ainda sombrios da praça, em honra à revitalização da região iniciada pelos companhias de teatros que ali se instalaram. O movimento de ocupação artística só está começando, vamos iluminar a praça!Compareçam!

domingo, 7 de março de 2010

JUSTINE


Última parte da trilogia do grupo Os Satyros para os textos de Marquês de Sade, o espetáculo Justine traça um paralelo narrativo do percurso de duas irmãs que se envolvem em experiências de crime, tortura e depravações. Enquanto a bela e libertina Juliette, realiza uma trajetória permeada de sucessos e prazeres, Justine tentará manter uma conduta pautada pela moral e pela religiosidade.


Justine proporciona ao expectador uma reflexão sobre as narrativas que determinam e direcionam a conduta humana pelos valores ideológicos que vinculam. A peça pode ser lida como uma Alice no país das maravilhas refabulada na medida em que trata do rito de passagem, da saída da infancia para a entrada no mundo real. Mas diferentemente de Alice que chega ao ponto de dizer que não sabe mais quem é após tantas transformações, Justine insiste em manter-se num estado inicial de pureza resistindo às corrupções físicas e morais. No lugar de coelhos, malucos, reis e rainhas, a protagonista irá defrontar-se em seu percurso com pervertidos, mentirosos, ladrões, e padres libertinos. O desfecho é ostensivamente irônico, pois após tanta insistência em manter-se preservada Justine morre estupidamente atingida por um raio na janela. Por oposição, esta imagem pode remeter a outra narrativa, O mágico de Oz, cuja moral da história é “o melhor lugar do mundo é o lar”.


É muito forte em Justine a presença de elementos do teatro épico com a narratividade sobrepondo-se à atuação dramática. O efeito é um distanciamento agudo por meio do qual o público é sistematicamente convidado a afastar-se do melodrama da personagem e assumir um ponto de vista critico. A própria linha de atuação das personagens pautada em certa mecanicidade, e construção de arquétipos, conecta-se com este propósito fortalecido pelo crescente da ironia com forte recursividade ao metateatro. A ironia característica do grupo Os Satyros é o elemento chave da montagem, nem mesmo a personagem principal escapa do cômico em sua ingenuidade.


Esteticamente o espetáculo é envolvido numa atmosfera sombria com combinação de diversas linguagens: metateatro, seqüências inspiradas no cinema mudo, no expressionismo alemão e em alguma medida no teatro do absurdo.


Serviço:
Justine - Texto e Direção: Rodolfo García Vázquez - Elenco: Cia. Os Satyros - Quando: sextas e sábados, às 21h - Onde: Espaço dos Satyros 2 (Pça. Roosevelt, 134) - Quanto: R$ 30; R$ 15 (estudantes, classe artística e terceira idade); R$ 5 (oficineiros dos Satyros e moradores da Praça Roosevelt) - Lotação: 70 pessoasDuração: 80min - Classificação: 18 anos